Uma pergunta é frequente entre os brasileiros: se a falta de chuvas gerou aumentos nas contas de luz com as bandeiras tarifárias, por que a conta de luz não cai com o retorno das chuvas? Afinal, essa pergunta fica mais instigante quando observamos hidrelétricas desperdiçando água enquanto termelétricas encarecem a conta de luz. Enfim, o que está acontecendo?
As chuvas retornaram e os reservatórios se recuperam
As chuvas retornaram e as termelétricas continuam ligadas. Dessa forma, os reservatórios se recuperam:
No Nordeste, os reservatórios estavam com 51% da capacidade em janeiro de 2021. Agora estão em 73%.
No Norte, foi de 31% para 86%.
No Sudeste e no Centro-Oeste, subiu de 23% no início de 2021 para 38% neste ano.
Nesse ritmo, especialistas acreditam que os reservatórios do centro-sul vão encerrar abril (fim do período úmido) acima de 50% da capacidade. Assim, afastando o risco de racionamento neste ano e reduzindo ainda mais a necessidade de geração termelétrica.
Desperdício de água devido a falta de infraestrutura
No entanto, as linhas de transmissão estão congestionadas, bloqueando o potencial das usinas hidrelétricas. Nesse sentido, as usinas de Belo Monte e Tucuruí, no Pará, e Sobradinho, na Bahia, que somam 20% do potencial hidrelétrico do país, estão literalmente jogam água fora por não ter como escoar toda a energia que podem produzir.
Enquanto isso, parte das linhas de transmissão para o Centro-Sul está ocupada por uma termelétrica que custa R$ 378 milhões por mês.
Enfim, as dificuldades de intercâmbio de energia ficaram evidentes já em 2021, quando Norte e Nordeste produziam energia, mas não conseguiam escoar para o centro-sul, que concentrou a crise hídrica.
Tucuruí perde parte do potencial de geração da água que libera Foto: Rui Faquini/Divulgação
Empreendedor de impacto e especialista em novos modelos de negócios que unem alto potencial de crescimento, inovação tecnológica e impacto positivo no meio ambiente.
Formado na Escola Politécnica da USP, pós-graduado pela FGV-SP, MBA pelo INSEAD e com especialização em desenvolvimento sustentável pela University of Cambridge.
Co-criou a SUNWISE em 2017 para democratizar o acesso à energia renovável a todos, integrando modelos de energia compartilhada, plataformas digitais e parcerias estratégicas.
Possui experiência de +18 anos como sócio diretor da Accenture Strategy, onde liderou grupo de consultoria de estratégia na industria de energia/utilities, desenvolveu a prática de sustentabilidade para toda América Latina, e participou de conselhos e parcerias com UNGC, WB, BID, Rockefeller Foundation, WBCSD, Ethos, entre muitos outros.