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Veja como a corrida pela energia renovável muda o jogo de poder mundial

Uma matéria interessante publicada no jornal britânico Financial Times destaca a aceleração recente da transição dos combustíveis fósseis para as fontes de energia limpa. A expectativa favorável aponta para mudanças profundas nas próximas décadas. Nesse sentido, os países que não considerarem investimentos em energia solar, eólica, biomassa, hídrica e geotérmica, devem ficar para trás nesse setor crítico de qualquer economia moderna.

De fato, as principais economias globais assumiram compromissos e estabeleceram planos de corte das suas emissões de gases de efeito estufa. Nesse sentido, dezenas de países adotaram metas de emissões líquidas zeradas até 2050. Além disso, 189 países participam do Acordo de Paris para limitar o aquecimento global até 2oC. Assim, os países buscam reduzir suas emissões, incentivar as energias renováveis e transformar suas economias no processo.

 

Entram as energias renováveis e mudam o equilíbrio de poder geopolítico

 Energia eólica offshore (fonte: FT)

Historicamente, o poder geopolítico estava intimamente vinculado aos combustíveis fósseis. Por muitos anos do século passado, o medo de embargos de petróleo ou de racionamento de gás eram suficientes para forjar alianças ou iniciar guerras. Além disso, o acesso às reservas de óleo proporcionavam grande riqueza.

No entanto, neste novo mundo de energia limpa, um novo conjunto de vencedores e perdedores emergirão. Por exemplo, Oriente Médio e Russia, grandes exportadores de petróleo devem perder poder geopolítico nessa nova corrida. Assim como, as grandes empresas de petróleo.

Nesse sentido, a Austrália busca se posicionar como uma superpotência de energia renovável graças aos seus abundantes recursos eólicos e solares. A propósito, o Brazil não poderia estar buscando um posicionamento similar? Por exemplo, o projeto australiano “Sun Cable” impressiona o mundo, levando energia solar por cabos pelo oceano até Cingapura.

Enfim, poderemos presenciar o surgimento de uma nova classe de exportadores de energia em escala global. Assim, países como Noruega, Butão e França estão adiantados como exportadores de energia limpa. Em poucos meses, Noruega e Reino Unido concluirão a construção do maior cabo submarino, o “North Sea Link”. Energia norueguesa obtida do degelo viajará 720 km pelo Mar do Norte até o Reino Unido.

 

Quem são os candidatos a superpotências da energia renovável

Disponibilidade democrática de recursos solares e eólicos (fonte: FT)

A transição energética deve impulsionar a eletrificação que responde às mudanças climáticas. Afinal o baixo custo de geração elétrica das fontes renováveis atenderá as demandas do futuro. A eletricidade que responde hoje por 20% da demanda energética global, deve chegar a 50% até 2050.

A ordem mundial baseada no petróleo já está mudando e a eletricidade pede passagem. Além disso, sobre a pergunta sobre quais serão os países vencedores, alguns especialistas comparam esse momento com a revolução industrial.

Veja como uma superpotência da energia renovável pode ganhar poder nesse novo cenário:

  1. Exportação de eletricidade ou combustíveis verdes
  2. Controle de matérias-primas críticas, tais como: lítio e cobalto
  3.  Liderança de novas tecnologias, como por exemplo: baterias para veículos elétricos

Nessa corrida, a China está na pole position da energia limpa

Energia solar apresentou as maiores quedas de preço na última década (Fonte: FT)

A China controla quase 1/10 de todo cobalto mundial. O cobalto está nos cabos de transmissão e nas turbinas eólicas. Além disso, a China produz mais de 70% do todas as placas fotovoltaicas, metade dos veículos elétricos e um-terço da energia eólica. A China ainda é o maior produtor de baterias e controla diversas matérias-primas, tais como: cobalto, terras raras e outros componentes das placas solares.

O presidente Xi Jinping enfatiza as inúmeras oportunidades dessa segunda revolução industrial. Nesse sentido, em 2020, a China instalou 120 GW de energia solar e eólica em seu território. Mais que o dobro do ano anterior.

De fato a escala global da manufatura chinesa contribuiu para a queda dos preços globais de todos os equipamentos. Desde placas solares até baterias para veículos elétricos. Os incentivos governamentais iniciais elevaram a capacidade de manufatura, aceleraram a produção e acabaram dominando os mercados globais.

 

Como o jogo empresarial muda com a transição energética

Fazendas solares (fonte: FT)

A transição afetará profundamente as empresas produtoras de óleo e gás. Os fundamentos competitivos são outros e exigirão profundas mudanças para permanecerem no jogo empresarial. No setor de óleo e gás, as empresas dominam uma base de ativos, que possuem as melhores reservas e o menor custo de produção. No entanto, no setor solar fotovoltaico, a eletricidade de uma fazenda solar é tão boa quanto outras vizinhas.

E a pandemia acelerou esse processo. Ano passado, tivemos o ingresso de 200GW de nova capacidade de energia solar e eólica, enquanto as demais fontes ficaram estagnadas. A gigante BP anunciou que a demanda de petróleo atingiu seu pico em 2019 e projeta somente queda a partir de agora.

Há ainda outras diferenças importantes. Diferentemente dos pipelines de gás, o comércio de eletricidade pode acontecer nas duas direções. Energia renovável é mais dispersa. Além disso, as diferentes fontes renováveis: solar, eólico, biomassa, hídrica, correntes marítimas e geotérmica estão disponíveis em diferentes graus para a maioria dos países. Por exemplo, Marrocos, que importa 80% de sua energia, mas é abundante em recursos solares, pode ganhar muito com a transição energética.

 

Guerra ou Paz?

Há duas vertentes de pensamento sobre a transição energética. A primeira acredita na realpolitik energética, que objetiva vantagem econômica. Nesse sentido, as ações de China, EUA e Europa refletem essa linha de pensamento. No entanto, há outra perspectiva mais utópica que acredita que a energia limpa pode reduzir conflitos entre países. O motivo é a democratização do acesso às fontes renováveis e portanto autonomia e segurança de oferta energética.

Outro aspecto importante a ser ponderado é a reação dos países, cujas economias está lastreada na exportação de combustíveis fósseis. Esses países com vastas reservas financeiras e as multinacionais petroleiras possuem bolsos cheios para brigar contra a tendência inevitável.

Difícil saber o que o futuro nos reserva como consequência de uma nova matriz elétrica global. Mas vale a esperança por avanços econômicos, tecnológicos, ambientais e geopolíticos. Enfim, a transição energética não reduzirá apenas emissões – ela irá redistribuir poder. Paz para todos!

 

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