Uma pesquisa realizada pelo Ipec para o iCS, Instituto Clima e Sociedade, evidenciou o impacto do aumento das contas de luz e do gás na vida das pessoas. Afinal, o estudo apontou que o gasto com gás e energia elétrica compromete metade ou mais da renda de 46% das famílias brasileiras. Além disso, 22% dos brasileiros, diante da alta das tarifas de energia e água, estão trocando o pagamento da conta de luz pela compra de alimentos básicos, como arroz e feijão.
Qual o impacto no dia-a-dia das famílias?
Primeiramente, o atual valor das contas de luz está impactando o dia-a-dia de 90% das famílias. A energia elétrica foi uma das grandes vilãs da inflação. Uma vez que subiu 21,21% e gerou impacto de 0,98% no IPCA, que fechou o ano em alta acumulada de 10,06%, maior alta desde 2015.
E para poder pagá-la quatro em cada dez brasileiros (40%) diminuíram ou deixaram de comprar roupas, sapatos e eletrodomésticos.
Ainda, nada menos do que 22% diminuíram a compra de alimentos básicos para garantir a energia em suas casas, índice que chega a 28% entre os nordestinos.
Além disso, 14% deixaram de pagar contas básicas como as de água e gás encanado.
Novos hábitos para tentar reduzir a conta de luz
O levantamento aponta também uma mudança de comportamento dos brasileiros para tentar diminuir a conta de luz:
- quase metade (49%) afirma ter adotado ações como tomar banho mais rápido e desligar as lâmpadas,
- 44% dizem ter deixado de usar ou ter reduzido o uso de eletrodomésticos que consomem muita energia.
- 42% substituíram lâmpadas por outras mais econômicas,
- 23% passaram a evitar o consumo de muita energia nos horários de pico.
- Por fim, só 5% declaram usar fontes alternativas renováveis, como a solar, e 18% não mudaram seus hábitos.
Pessimismo para o futuro: medo de apagões e novos aumentos das contas de luz
O estudo apontou que nove em cada dez se preocupam com a possibilidade de racionamento ou de apagões no futuro próximo.
O brasileiro está pessimista em relação ao futuro da conta de luz:
- 76% afirmam que ela vai aumentar ano que vem, sendo que 51% acham que vai “aumentar muito”.
- Quase todos os brasileiros (89%) temem possíveis aumentos no preço da conta de luz em casa no ano que vem.
- Três em cada quatro brasileiros acreditam que o custo da energia vai elevar os preços dos produtos básicos. No Nordeste, esta percepção chega a 81%.
O pessimismo tem fundamento. Afinal, dado que as contas de luz dos consumidores serão pressionadas pelo pagamento com juros dos empréstimos de socorro às distribuidoras feito em 2019 (Conta Covid) e 2022 (Conta Escassez Hídrica).
Finalmente, pensando no futuro, a pesquisa revela que o país não está otimista em relação ao impacto das mudanças climáticas:
- nove em cada dez (88%) avaliam que as mudanças climáticas estão impactando o regime de chuvas no Brasil, e
- para 56% dos brasileiros, as mudanças no clima vão piorar o volume de chuvas no futuro.
As boas notícias apontadas pela pesquisa
Enfim, a pesquisa apontou uma maior consciência dos brasileiros com relação à importância da eficiência energética e das energias renováveis:
- 68% dizem que sempre ou quase sempre atentam para os selos e etiquetas de eficiência energética na hora da compra de eletrodomésticos.
- 81% querem que as fontes de energia renováveis sejam ampliadas.
- Para 69%, as renováveis agridem menos o meio ambiente,
- 64% dizem que o investimento em energia renovável contribui para gerar empregos.
- Metade (50%) acha que elas são mais baratas do que as não renováveis, mas 31% acreditam que sejam mais caras.
- A confiabilidade das renováveis é alta: para 59%, elas são tão confiáveis quanto as convencionais.
Mas o uso de energia renovável entre os entrevistados é pequeno: apenas 5%. Isto, porque o investimento nessa tecnologia ainda é caro para o brasileiro.
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